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LEITURAS DO BIENAL

Primeira leitura
Do Livro da Sabedoria 18,1-16;19,3-9

A noite da Páscoa

1Mas para os teus santos havia plena luz; os outros, que ouviam suas vozes, mas não viam sua figura. proclamavam-nos felizes por não terem sofrido; 2rendiam-lhes graças por não lhes terem feito mal, apesar de maltratados, e lhes pediam perdão pela atitude hostil. 3Em lugar de trevas, deste aos teus uma coluna de fogo para os guiar num caminho desconhecido, qual sol inofensivo, em sua gloriosa migração. Os outros mereciam ficar sem luz, prisioneiros das trevas, pois haviam mantido presos os teus filhos, que ao mundo iam transmitir a luz incorruptível de tua Lei. 5Quando decidiram matar os filhos dos santos, e tendo sido exposto e salvo um só menino, como castigo, arrebataste uma multidão de filhos e os eliminaste, todos juntos, pela violência das águas. 6Aquela noite fora de antemão conhecida por nossos pais, para que tivessem ânimo, sabendo com certeza em que promessas haviam crido. 7Teu povo esperava já a salvação dos justos e a ruína dos inimigos; 8Pois enquanto punias os nossos adversários, tu nos cobrias de glória, chamando-nos a ti. 9Os santos filhos dos bons ofereciam sacrifícios ocultos e, de comum acordo, estabeleceram esta lei divina: que os santos compartilhassem igualmente bens e perigos, e começaram a entoar os hinos dos Pais. 10Ecoavam os gritos discordantes dos inimigos e repercutia um clamor queixoso, lamentando seus filhos; 11igual castigo atingia escravo e senhor, tanto sofria o rei como o plebeu, 12e todos juntos, sob uma só forma de morte, tinham mortos incontáveis. Os vivos não bastavam para os funerais: num só instante pereceu o melhor de sua raça. 13Antes, absolutamente incrédulos por causa dos sortilégios, à vista da morte de seus primogênitos, confessavam que aquele povo era filho de Deus. 14Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, 15tua Palavra onipotente lançou-se, guerreiro inexorável, do trono real dos céus para o meio de uma terra de extermínio. Trazendo a espada afiada de tua ordem irrevogável, 16deteve-se e encheu de morte o universo: de um lado tocava o céu, de outro pisava a terra. 19,3De fato, ainda tinham em suas mãos os instrumentos de luto, chorando junto às tumbas dos mortos, quando conceberam outra ideia absurda: aos que haviam expulsado com súplicas, perseguiam agora como fugitivos. 4Um merecido destino os arrastou a tal extremo e os fez esquecer o que se passara, arrematando com suas torturas o castigo que faltava; 5e enquanto teu povo experimentava uma viagem maravilhosa, eles mesmos encontrariam uma morte insólita. 6Pois a criação inteira obedecendo às tuas ordens, em sua natureza tomava novas formas para guardar incólumes os teus filhos. 7Viu-se a nuvem cobrir de sombra o acampamento, a terra enxuta emergir onde era água, o mar Vermelho convertido num caminho praticável e as ondas violentas qual planície verdejante; 8por ali passaram, como um só povo, os que eram protegidos por tua mão, contemplando prodígios admiráveis. 9Como poldros na pastagem, como ovelhas traquinavam, celebrando-te a ti, Senhor, seu libertador.

- Palavra do Senhor!


_ Graças a Deus!

Responsório Sb 19,5.7; Sb 77,20

R.
Os teus santos, Senhor, obedecendo às tuas ordens,
avançaram extraordinariamente pela passagem
e foram conservados ilesos das ondas violentas.

* Apareceu a terra seca,
e um caminho viável formou-se no mar Vermelho.

V. Eis que feriu a rocha
para fazer jorrar dela água em torrentes.

* Apareceu a terra.

Segunda leitura

Do Tratado “a Contemplação de Deus”, de Guilherme de Saint-Thierry, abade
(N.10)  (Séc. XII)

A palavra onipotente desceu do seu trono real

Ó Senhor, que dás a salvação e abençoa o teu povo, o que é a salvação senão amar-te pelo teu dom, ou melhor, sermos amados por ti? Por isso, ó Senhor, quiseste que o Filho da tua direita, o homem que por ti tornaste forte (cf. Sl 79,18), se chamasse Jesus, isto é o salvador; ele, de fato salvará o povo dos seus pecados (Mt 1,21), e em nenhum outro existe a salvação. Ele nos ensinou a amá-lo amando-nos primeiro e até a morte de cruz; com o amor e a predileção suscitou em nós o amor por ele, que nos amou primeiro até o fim. Entre os filhos dos homens a justiça consiste nisto: ama-me porque eu te amo. Mas é raro encontrar quem possa dizer: te amo a fim de que tu me ames. Assim tu fizeste: amaste-nos primeiro, como anuncia e proclama o servo do teu amor (cf. 1Jo 4,19). Sim, é assim mesmo: amaste-nos primeiro para que pudéssemos amar-te; não porque tu tivesses necessidade do nosso amor, mas porque somente amando-te teríamos podido atingir o fim para o qual nos criaste. Por isso, Deus, que já havia falado nos tempos antigos muitas vezes e de diversos modos aos pais por meio dos profetas, ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho (Hb 1,1-2), o seu Verbo; nele foram feitos os céus, e do sopro de sua boca todo o seu exército (Sl 32,6).

Falar por meio do teu Filho foi como manifestar em plena luz o quanto e como nos amaste. Tu não poupaste o teu Filho, mas para todos nós deste aquele que amou e se ofereceu a si mesmo em sacrifício por nós. Este é o teu Verbo, ó Senhor, a palavra onipotente que nos envias. Ela, enquanto um profundo silêncio envolvia todas as coisas - o profundo silêncio do erro - se lança do seu trono real (Sb 18,14.15) para debelar inexoravelmente o pecado e trazer- nos a doçura do seu amor.

E tudo o que fez, tudo o que disse sobre a terra, até mesmo os opróbrios que suportou, até os escarros e os bofetões, até a cruz e o sepulcro, foi tudo uma maneira de falar-nos em teu Filho, para suscitar e despertar com teu amor, o nosso amor por ti.
Tu sabias de fato, ó Deus Criador das almas, que não se pode impor aos filhos dos homens este amor, mas se deve sim suscitá-lo; porque, onde existe a obrigação não existe a liberdade, e onde não existe a liberdade não existe a justiça. Mas tu, ó Senhor justo, querias salvar-nos com justiça, tu que não salvas e não condenas ninguém se não justamente; tu que sustentaste o nosso direito e a nossa causa e te assentas no trono do justo juiz (Sl 9,5), julgando a própria justiça criada por ti: a fim de que toda boca se cale, e todo o mundo seja submisso a Deus, porque tu tens compaixão de quem queres ter compaixão e usas de misericórdia com quem queres usar de misericórdia (cf. Ex 33,19).

Tu, portanto, quiseste que te amássemos, porque não teríamos podido ser salvos com justiça, senão amando-te. E não podíamos amar-te, se este amor não procedesse de ti. Por isso, ó Senhor, como disse o apóstolo do teu amor e, como já dissemos: tu nos amaste primeiro, e primeiro amas todos os que te amam (cf. 1Jo 4,19).


Do Tratado “a Contemplação de Deus”, de Guilherme de Saint-Thierry, abade

Responsório Is 52,9-10; Jo 3,17

R.
O Senhor consolou o seu povo,
resgatou Jerusalém.
O Senhor estendeu o seu santo braço
diante de todos os povos.

* Todos os confins da terra
verão a salvação do nosso Deus.

V. Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para julgar o mundo,
mas para que o mundo fosse salvo por meio dele.

* Todos os confins da terra.


 

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